Sabemos que dor é um dos mecanismos de proteção, desenvolvido por nosso cérebro, a fim de alertar que algo não está bem ou sofreu algum tipo de lesão/trauma. A dor é dividida, temporalmente, entre aguda – resolvida em 12 semanas – e crônica, após este período (em algumas literaturas, o marco é 6 meses de duração).

Nos EUA, 20% da população têm dor crônica – infelizmente, não temos esse dado no Brasil – e 8% têm dor crônica limitante/severa.

A dor crônica é geralmente associada a outros problemas de saúde, como distúrbios psiquiátricos, como ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo, síndrome do pânico, entre outros, que reduzem significativamente a qualidade de vida do indivíduo.

A perda de qualidade de vida é de amplo espectro, interfere na sua convivência social, inabilita para o trabalho, limita nos afazeres pessoais, até de lazer. Esse conjunto de alterações psíquicas, junto ao sintoma de dor (além da doença de base), resultam, também, em distúrbios do sono, fadiga, déficit de concentração, alteração do apetite e distúrbios de humor.

Bem, como dá para imaginar é como uma alça de retroalimentação: dor causa distúrbios psíquicos, que mudam seu humor e limitam sua atividade, que prejudica no seu estímulo para se tratar, que piora a sua dor… Então, paremos! Precisamos ter consciência de que é preciso interferimos a fim de parar com esse processo.

Doenças, comumente, associadas à dor crônica com distúrbios psíquicos são as artrites (osteoartrite, artrite reumatoide, psoriática), em que alterações de humor e sintomas ansiosos são frequentes. Fibromialgia, doença que mais se associa a distúrbios depressivos, que mais reduz a qualidade de vida, sendo de difícil tratamento. Esclerose múltipla, na qual se predomina síndrome de ansiedade generalizada, TOC e síndrome do pânico. Vale lembrar das comuns enxaqueca  e dor lombar crônica, que entram nesse grande pacote.

E como podemos ajudar a tratar?

Precisaremos de medicamentos? Sim! Alguns antidepressivos atuam tanto na melhora do quadro psíquico quanto nos circuitos neuronais que transmitem a dor. Entretanto, outras terapias não-medicamentosas têm grande impacto – acompanhamento psicológico, como terapia cognitiva-comportamental tem forte evidência no tratamento – além de terapias mentais, como exercício de relaxamento, yoga, tai chi, meditação podem contribuir para a melhora do paciente.