Dores persistentes afetam vários determinantes da saúde do indivíduo como alterações socioeconômicas, educação, emprego e status mental. As dores musculoesqueléticas estão entre as principais causas de dor persistente e crônica, exemplos são a lombalgia crônica e a osteoartrite.

A presença de dor crônica acarreta, além de danos à saúde e à qualidade de vida, aumento nos custos, ante a maior necessidade de idas à emergência, maior consumo de medicamentos, além de necessidade de exames de alto custo, assim como procedimentos invasivos e cirurgias.

A prática da medicina preventiva inclui, além do seguimento do paciente em todo os aspectos, a intervenção no seu estilo de vida, na qual se incluem as atividades físicas, além de educação alimentar e mudanças de hábitos, como cessação do tabagismo e redução do etilismo. A diferença entre atividade física e exercício se dá que este é algo programado, com uma quantidade de repetições definidas e frequência. Às atividades, podem incluir-se caminhada, dança e até mesmo algum tipo de esporte, como futebol.

Em uma publicação do British Musculoskeletal Disorders, observou-se que indivíduos com dores de causa musculoesquelética, quando praticavam exercícios físicos, por um período maior que 6 meses, associados a um acompanhamento profissional, podendo ser médico, fisioterapeuta, educador físico, tinham resposta positiva no tratamento, diminuindo seus escores de dor.

Existem  também outros tipos de dores com benefício da sua redução com evidências em outros estudos, como a fibromialgia, em que há dores difusas em todo o  corpo, de difícil tratamento, além de sinais de fadiga crônica.

Em uma metanálise da Cochrane, incluindo 1518 indivíduos com diagnóstico de síndrome de fadiga crônica, na qual se inclui fibromialgia, em cuja sintomatologia se incluem fadiga generalizada, dor musculoesquelética, distúrbios do sono, cefaleia e déficits de concentração e de memória recente, observou-se que a prática de exercícios físicos trazia benefícios para todos os pacientes.

Entre os exercícios analisados, estavam caminhada, natação, ciclismo e dança. A intensidade dos exercícios variavam entre muito leves até intensos. Chegou-se à conclusão de que os pacientes podem se beneficiar dos efeitos das atividades físicas, sem piora de sintomas de base. Os maiores benefícios são na qualidade do sono, na diminuição da sensação de fadiga e na percepção de bem-estar.

Vale dizer aqui que além das dores, a prática de atividades físicas tem muitos outros benefícios, como melhora cardiovascular, no perfil glicêmico, ajudando na prevenção e controle do diabetes mellitus, redução de progressão de osteoporose e suas complicações, como fraturas, além de aumentar a quantidade de substâncias produzidas no nosso cérebro que dão sensação de bem-estar.

Bem, só precisamos começar para melhorar! Começo pode parecer difícil, mas quando enxergamos os benefícios, vemos que o nosso esforço é mínimo.

 

Referências:

  1. Marley J,Tully MA, Porter-Armstrong A et al. The effectiveness of interventions aimed at increasing physical activity in adults with persistent musculoskeletal pain: a systematic review and meta-analysis. BMC Musculoskeletal disorders. 2017, 18:482.
  2. Larun L, Bruberg KG, Odgaard-Jensen J et al. Exercise therapy for chornic fatigue syndrome. Cochrane Database Syst Rev. 2016(12):CD003200.